Article

A Verdade Sobre “Hackear Perfis” e Como Funciona o Phishing

Nos últimos anos, a internet virou palco para uma enxurrada de vídeos, prints e promessas sobre “hackear perfil”, “invadir Instagram em segundos”, “pegar conta só com um código”, como se fosse algo mágico, simples e acessível a qualquer pessoa. A verdade — aquela que ninguém fala abertamente — é que isso não existe da forma que o público imagina. Não existe esse negócio de acessar um painel secreto, digitar um código misterioso e ver um monte de letras desaparecer como em filme. O que existe, de fato, é uma prática antiga, perigosa e extremamente usada por quem quer roubar contas: o phishing.

Ao contrário da fantasia de “hackear”, o phishing não invade nada diretamente. Ele engana. É a engenharia social, não a tecnologia, que abre a porta. Funciona assim: alguém cria uma página falsa, idêntica à do Instagram, do Facebook ou de qualquer plataforma. Visualmente, é tudo igual — cores, logo, até o design da caixa de login. Mas, nos bastidores, aquele site não tem nada a ver com a plataforma oficial. Ele só está ali para coletar os dados que a vítima digitar. Quando a pessoa coloca o login e a senha, achando que está fazendo algo legítimo, esses dados simplesmente vão para outro lugar. E é aí que o golpe acontece.

Diversos veículos de mídia já alertaram sobre isso. A Forbes publicou que “o phishing continua sendo uma das técnicas mais eficazes para roubo de credenciais porque se apoia no comportamento humano, não em falhas tecnológicas”. A Folha de S. Paulo também já destacou que, na maioria dos casos analisados pela polícia, as invasões não acontecem por uma brecha no Instagram, mas sim porque alguém clicou onde não deveria. Plataformas como Reddit e X (antigo Twitter) vivem cheias de relatos iguais: “Achei que era o Instagram pedindo verificação… coloquei minha senha… perdi a conta”. E isso só reforça o fato de que o verdadeiro perigo está na desatenção, não em uma suposta “ferramenta de hacker”.

É por isso que informar é tão importante. Ninguém está ensinando golpe aqui — estamos explicando de forma clara para evitar que mais pessoas caiam. Porque enquanto existir gente acreditando que hackear é rápido e simples, vão continuar existindo pessoas entrando em links que não deveriam, entregando sua própria senha de bandeja. A internet não é um lugar perigoso por si só; ela só se torna perigosa quando alguém não entende o básico de como esses truques realmente funcionam.

E esse mesmo desconhecimento acontece com a famosa “questão das denúncias”. Muita gente acredita que denunciar um perfil é uma ferramenta livre, aberta, que qualquer um usa para derrubar qualquer conta como se fosse brincadeira. Só que, assim como o phishing, isso está longe da realidade. Denúncia funciona quando vem de perfis reais, ativos, com histórico, e não é um recurso para fazer bagunça na internet. Nem todo perfil derruba outro, nem todo caso vai para análise, nem toda solicitação gera efeito. Inclusive, várias reportagens já mostraram que as plataformas filtram denúncias fracas e só consideram casos que realmente parecem legítimos.

O grande problema dessa era digital é que todo mundo quer atalho. Quer resposta simples para problema complexo. Quer “hackear” sem saber como funciona a segurança digital. Quer “derrubar” sem entender como as próprias plataformas protegem milhares de usuários diariamente. Mas a verdade, nua e crua, é que tudo gira em torno de comportamento humano. Não existe invasão sem acesso. Não existe golpe sem que alguém caia. Não existe denúncia efetiva sem que haja fundamento.

Por isso, a melhor forma de se proteger não é acreditar em mágicas ou promessas; é ter consciência. É olhar duas vezes antes de clicar em um link. É verificar se o endereço do site é oficial. É desconfiar sempre que uma página pedir seu login fora do aplicativo. É lembrar do óbvio: Instagram, TikTok e qualquer plataforma nunca pedem senha em páginas externas enviadas por mensagem.

Se existe algo que realmente funciona, é o conhecimento. É o alerta. É entender o mecanismo antes de cair nele. E enquanto muita gente continua acreditando em mitos, a realidade permanece a mesma: perfis não são hackeados por “códigos secretos”, e sim por descuido. E denunciar não é arma para guerra online, é ferramenta de segurança — e funciona apenas quando usada corretamente.

No fim das contas, falar sobre isso não é incentivar nada. É proteger. É trazer clareza para quem vive na rotina digital e precisa entender que, em um mundo onde tudo é aparência, a maior defesa que alguém pode ter é a informação certa na hora certa.